domingo, 2 de dezembro de 2007

A era da internet social

Nota do Julio: O Dentistas.com.br e nossos sites do grupo Consultorio.com.br (Cardiologia.com.br, Pediatria.com.br, Advogados-Online.Net e outros), com a sua rede social, segue essa mesma tendência.

Nossa rede social hoje se baseia no software Boonex Dolphin 5.4 e já podemos migrar para a versão 6, muito melhor, incluindo comunidades e incorporando novo chat de texto, áudio e vídeo-conferência.

Mas em breve o próprio Google estará disponibilizando mais ferramentas e widgets que trarão novas funcionalidades e integração direta com o Orkut, MySpace, Linkedin e outras redes sociais. Seu perfil profissional criado e atualizado no Dentistas.com.br, por exemplo, poderá ser incluído no seu Orkut ou no MySpace, de forma automática, e vice-versa. E muito mais!


Redes como Orkut, MySpace e Facebook vão mudar as regras do jogo na web. A transformação está só começando!

A vida de qualquer pessoa que usa a internet é marcada por momentos reveladores, daqueles que levam a pensar: "Como é que eu pude viver tanto tempo sem isso?" Entre eles certamente estão o primeiro e-mail recebido, a primeira pesquisa que trouxe resposta a alguma pergunta e o primeiro acesso por uma conexão sem fio. Prepare-se, então, para incluir mais um item na lista: a primeira espiada no Orkut.

Quando os primeiros grandes sites de relacionamento começaram a ganhar destaque, três anos atrás, eram vistos como mera curiosidade, uma brincadeira de adolescentes com tempo de mais e preocupações de menos. Não mais. Hoje, redes sociais como Orkut, MySpace e Facebook são apontadas como as mais importantes novidades a surgir na rede desde as mágicas buscas do Google.

O Facebook, lançado em 2004 num dormitório de Harvard por um jovem que mal havia completado 20 anos, conta com uns 55 milhões de usuários -- hoje. Amanhã (literalmente), outros 250 000 terão se cadastrado no site. Daqui a uma semana, mais de 1,5 milhão. O ritmo tem se mantido nesses níveis desde o início do ano, e não há sinais de que vá diminuir tão cedo. Por uma ínfima parte desse negócio, mais precisamente 1,6% das ações, a Microsoft pagou 240 milhões de dólares, o que levou o valor da empresa de Mark Zuckerberg a incríveis 15 bilhões de dólares. Pode ter sido um exagero, uma vez que as receitas do Facebook não devem passar de 100 milhões de dólares neste ano. Mas o prejuízo, se vier, certamente será pequeno diante do potencial transformador das redes sociais.

Para os mais velhos -- entre os quais muitos de nós --, entrar na web costuma ser uma atividade essencialmente individual, seja para consultar o e-mail, ler as últimas notícias, seja para fazer uma pesquisa relacionada ao trabalho. Para a nova geração, a web é tudo isso e muito mais. É onde a vida acontece. É nas redes sociais que os mais jovens -- mas não somente eles -- se mantêm em contato permanente. São pessoas reais, com nome, sobrenome e rosto conhecidos, e isso não significa somente um novo sentido para o termo privacidade. Na maioria das vezes, essas conexões existem entre pessoas que já se encontram regularmente no "mundo real". Para uma parcela cada vez maior dos mais de 1,2 bilhão de pessoas conectadas à internet, as redes sociais são um repositório fiel de suas memórias, seus desejos e suas afinidades. E, como está cada vez mais claro na cacofonia da internet, são essas relações sociais transportadas para a web que vão ser o principal filtro para a vida online.

"As redes serão cada vez mais a porta de entrada para a web", disse a EXAME Chris DeWolfe, criador do maior de todos os sites de relacionamento, o MySpace. Mas talvez seja mais que isso. Os americanos passam 12% do seu tempo online navegando pelas páginas do MySpace. Dentro do próprio site eles podem ouvir músicas, ler blogs, trocar mensagens, assistir a trailers de filmes e trechos de programas de TV, participar de debates com políticos e ler notícias. Muita gente achou loucura a News Corp., do magnata australiano Rupert Murdoch, pagar 580 milhões de dólares pela empresa. Hoje, ele é considerado um visionário. "Os hábitos dos telespectadores mudaram muito nos últimos anos, como você sabe. E os responsáveis são os consumidores", diz DeWolfe. "Eles querem ver filmes e ouvir música quando quiserem, na forma que quiserem, onde quiserem. As empresas de mídia não têm escolha: elas têm de atender às demandas dos consumidores."

E NÃO SÃO APENAS AS EMPRESAS de conteúdo que terão de se adaptar à revolução da internet social. O mundo da publicidade olha com atenção para mais uma ruptura. Além da fragmentação da audiência, agora as mensagens comerciais serão cada vez mais transmitidas pelos próprios consumidores para suas redes de amigos -- voluntariamente.

Essa é a premissa de um novo sistema de publicidade dentro do Facebook, anunciado há um mês e todo ele baseado no poder do boca-a-boca que corre pelos sites de relacionamento. "Nos últimos 100 anos, a maneira de fazer publicidade era chegar às mídias de massa, empurrando seu conteúdo", disse o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, no lançamento de seu novo sistema de publicidade. "Mas esse foi o século passado. Nos próximos 100 anos, a informação vai ser compartilhada entre as milhões de conexões sociais das pessoas. Vocês (publicitários) precisarão fazer parte dessas conexões." Descontados os delírios de grandeza -- ou a falta de modéstia -- de Zuckerberg, as palavras foram ouvidas com atenção por anunciantes de todo o mundo.

Elas também ecoaram em Mountain View, a sede do Google, empresa que faturou 15 bilhões de dólares nos últimos 12 meses exclusivamente com a venda de pequenos anúncios atrelados às buscas dos internautas. Apesar da dominância absoluta no Brasil, o Orkut não tem expressividade nos maiores mercados do mundo e não rende um centavo sequer em receita para o Google, pelo menos por enquanto. Além do desafio de rentabilizar o negócio da rede social, há outra questão: qual é o risco de o Google não ter nas mãos as informações detalhadas sobre o perfil e os hábitos dos usuários de redes sociais? A empresa disse repetidas vezes que sua prioridade é melhorar a experiência do usuário no Orkut, e só depois rentabilizar o serviço.

Mas há outro desafio: como as interações e as recomendações, que são o sangue das redes sociais, terão impacto no negócio principal da empresa, que é justamente fazer esse trabalho com máquinas? Até quando os algoritmos do Google serão mais eficientes do que um ser humano -- mais que isso, uma pessoa de confiança -- na hora de apontar as melhores respostas para uma pesquisa? Ainda é cedo para responder, mas tenha uma certeza: a revolução da internet social está apenas começando.

Fonte: Revista Exame

Internet nos Celulares - A próxima fronteira do Google

Com o anúncio de um software para celulares, o gigante da web quer transformar o negócio das telecomunicações

Se ainda havia alguma dúvida sobre as ambições digitais do Google, ela deve ter desaparecido com as notícias do começo de novembro. O gigante da web surpreendeu mais uma vez: sua entrada no mundo da telefonia móvel não será com um aparelho, como fez a Apple. Em vez do esperado GPhone, foi anunciado o Android, um sistema operacional aberto e gratuito que nasceu com a pretensão de remodelar a indústria das telecomunicações. À frente de 33 fabricantes de aparelhos e operadoras de celulares, o Google quer ter no mundo das comunicações móveis o mesmo impacto que teve na web: mudar as regras do jogo -- nada menos que isso. Embora os telefones móveis sejam cada vez mais parecidos com computadores de bolso, capazes de acessar a internet e rodar programas sofisticados, eles ainda estão sujeitos a travas e controles. Os fabricantes de aparelhos instalam somente os programas que mais lhes convêm. O mesmo vale para as operadoras, que atuam como "porteiros" entre o usuário e a web: direcionam seus clientes a serviços ou programas próprios ou de seus parceiros. É esse modelo que o Google e seus aliados da Open Handset Alliance, algo como Aliança para os Celulares Livres, querem mudar.

Apesar de todo o charme e o interesse que cercam tudo o que diz respeito à estrela da internet, por enquanto o sistema Android ainda está restrito aos engenheiros. Quem esperava um anúncio tão impactante como o do iPhone certamente ficou frustrado. Os poucos aparelhos já equipados com o Android só podem ser vistos em curtos vídeos, e nenhum deles tem o brilho de marketing característico da Apple. Mas a ausência do impacto midiático não deve ser confundida com o poder de transformação. Assim como o iPhone, o Android pode mudar de forma decisiva o que se entende por um telefone celular. A primeira novidade importante do sistema é que ele é gratuito e aberto, ou seja, fabricantes de aparelhos e operadoras poderão utilizá-lo sem ter de pagar nada.

O mesmo vale para programadores ao redor do mundo. Todos já podem baixar um kit básico e começar a escrever programas para o Android. O Google quer que o sistema gere um interesse semelhante ao do sistema Linux, que conta com a colaboração voluntária de milhares de programadores ao redor do mundo. "A história mostra que os sistemas abertos sempre ganham", disse a EXAME Andy Rubin, responsável pelo desenvolvimento do sistema de celulares. Mas há uma novidade importante no modelo de colaboração proposto pelo Google: a empresa vai distribuir 10 milhões de dólares em prêmios para os melhores software criados para o Android. O objetivo é conquistar também aqueles desenvolvedores que hoje se dedicam aos principais sistemas concorrentes, o Windows Mobile, da Microsoft, e o Symbian, dominado pela Nokia.

Mas o desafio não termina aí. Será preciso conseguir uma ampla rede de distribuição, ou seja, garantir que o sistema Android seja de fato adotado por fabricantes e operadoras. Hoje, quem cria um software para um aparelho móvel é obrigado a adaptá-lo para uma série de sistemas concorrentes. O interesse dos desenvolvedores, portanto, será diretamente proporcional ao número de celulares Android em uso. Steve Ballmer, presidente mundial da Microsoft, foi irônico quando questionado a respeito da incursão do Google no mundo móvel. "Por enquanto, eles têm apenas um comunicado de imprensa", disse Ballmer, com um sorriso no rosto. "Nós já temos nosso sistema em 150 aparelhos diferentes, relacionamento com outras 150 operadoras e só neste ano vendemos 20 milhões de smartphones equipados com o Windows Mobile."


Não é um celular

O Google não anunciou um aparelho, como muitos esperavam, mas um sistema de software que poderá ser usado em diversos celulares.Veja o que o Google quer mudar no mundo dos celulares


Como é hoje O que quer o Google
Sistema operacional É licenciado para os fabricantes de aparelhos por empresas como Microsoft e Symbian Distribuir o sistema gratuitamente, num modelo livre: o software pode ser modificado à vontade
Programas É necessário fazer adaptações para cada tipo de aparelho Os programas vão funcionar em todos os celulares
Operadoras Procuram limitar o acesso dos usuários a conteúdos e serviços próprios ou de seus parceiros Criar um ambiente aberto de distribuição de conteúdo e serviços nos mesmos moldes da internet

Apesar do começo tardio, ninguém duvida que o Google tenha entrado de cabeça nas comunicações móveis. O vídeo que anunciou o lançamento do kit técnico foi gravado por Sergey Brin, um dos fundadores da empresa -- algo notável, uma vez que ele e Larry Page raramente aparecem falando de produtos ou iniciativas específicas. O que interessa ao Google é uma possibilidade de ampliar de forma dramática o consumo de seu ganha-pão: a publicidade. Existem em uso no planeta quase 3 bilhões de telefones celulares, quase três vezes o número de usuários de internet. Além disso, a tecnologia finalmente permite a fabricação de aparelhos sofisticados o suficiente para que os equipamentos tenham um desempenho comparável ao de um PC tradicional. A visão do Google é que o uso que se faz de um aparelho móvel será muito parecido com o de um computador conectado à rede, ou seja, os serviços serão gratuitos para o usuário final -- quem vai pagar a conta serão os anunciantes. A questão é que, embora faça sentido no ambiente aberto da web, esse modelo não é tão óbvio assim para as telefônicas. EXAME procurou todas as principais operadoras móveis do país, e elas não têm nada a dizer por enquanto. Nem mesmo a Vivo quis se pronunciar -- e a Telefônica, um dos sócios da empresa, faz parte do consórcio Open Handset Alliance.

UM DOS TEMORES DAS OPERADORAS diz respeito à perda de controle. A Vivo, por exemplo, tem a maior parte de sua rede construída sobre um sistema chamado Brew, criado pela empresa Qualcomm. Todos os programas ou conteúdos precisam de um carimbo de aprovação da Vivo antes de chegar aos usuários. O modelo, também conhecido como "jardim fechado", é semelhante ao criado pela America Online nos anos 90 -- e que foi derrotado pela internet. No desenho aberto proposto pelo Google, os clientes poderiam escolher o software que desejassem de um número muito maior de fornecedores. Com isso, uma empresa de telefonia móvel perderia hoje o poder de ditar -- ou vetar -- como seus clientes vão utilizar a internet móvel. Em outras palavras, as operadoras móveis teriam um papel semelhante ao das fixas no mundo da banda larga: seriam meramente fornecedoras das conexões, enquanto os serviços de valor agregado ficariam com terceiros. "Acho que existe risco para as operadoras, ao passo que o poder que elas exercem sobre o controle de conteúdo dos celulares deverá diminuir", diz Greg Sterling, analista sênior da consultoria Ovum, especializada no mercado de telecomunicações. Rubin, do Google, diz que não se trata disso. "As operadoras podem personalizar o software à vontade", disse ele. Ou seja, entre as modificações que elas podem fazer no Android está também a colocação de travas. "Não temos a intenção de mudar o modelo de negócios de ninguém." Apesar das declarações, duas das maiores operadoras do mundo, Vodafone e AT&T, ficaram de fora do clube montado pelo Google.

Outra potencial resistência vem do lado dos fabricantes. Apesar de contar com a adesão de empresas líderes, como Samsung e Motorola, ficaram de fora da Open Handset Alliance a Nokia, maior vendedora de aparelhos do mundo, e a Sony Ericsson, que vem crescendo com consistência no nicho de aparelhos sofisticados. Também ficou de fora a Apple, que já vendeu mais de 1 milhão de iPhones neste ano e tem a meta de chegar a 10 milhões de unidades vendidas em 2008. A Apple vai criar um programa próprio para alistar criadores de software, e os detalhes devem ser divulgados em janeiro. Quem mais apareceu nos anúncios foi a HTC, empresa de Taiwan que começou fabricando aparelhos para outras marcas e que de dois anos para cá lançou uma marca própria. A HTC promete ter dois ou três modelos com o sistema Android no ano que vem -- mas continuará lançando sua principal linha de produtos com o sistema da Microsoft.

Existem muitos senões a respeito da entrada do Google no negócio da telefonia, mas há também uma certeza: os consumidores querem mais liberdade. Se por um lado os software de telefone têm de ser mais seguros e íntegros -- já imaginou um celular que deixe de fazer ligações por causa de um programa instalado pelo usuário ou, ainda pior, por um ataque de vírus? --, por outro há o clamor pela internet que caiba no bolso e seja livre e aberta como a que é usada nos computadores tradicionais. O Google já provou ser capaz de inverter a lógica da internet uma vez. Prepare-se: o segundo ato acaba de começar.

Fonte: Revista Exame - 15/11/2007


O MySpace e o Brasil

O MySpace já montou uma pequena equipe no Brasil, e o lançamento oficial deve acontecer ainda este ano. Conversei por telefone com um dos fundadores, Chris DeWolfe. Um pequeno trecho foi publicado na edição atual da EXAME. Eis a íntegra da conversa.

Publicado em 29/11/2007 - 13:02
Acesse o artigo original: Revista EXAME


O MySpace pertence a um grande grupo de mídia, o News Corp. Como a empresa vê o MySpace? Redes sociais têm impacto enorme nos hábitos de consumo da mídia tradicional, como o senhor acaba de apontar. O site é uma ameaça para o negócio da News Corp?
Uma das vantagens de trabalhar para a News Corp. é que a organização sempre foi muito empreendedora. Rupert Murdoch começou tudo com um jornal regional em Adelaide, na Austrália. Nos anos seguintes, ele reinventou o negócio da mídia quatro ou cinco vezes. Consolidou pequenos jornais e gráficas, expandiu-se internacionalmente, lançou uma quarta rede nacional de TV (a Fox, nos Estados Unidos), depois lançou uma segunda rede de notícias 24 horas (a Fox News), quando todos diziam que isso era impossível. E, nos últimos dois anos, com a compra do MySpace, ele criou um negócio enorme na internet, o site de maior audiência dos Estados Unidos. Ele entende da mídia. Sabe que a publicidade está migrando para a internet. Ao mesmo tempo, ele enxerga várias sinergias entre as empresas da News Corp. Por exemplo: temos vídeos da Fox no site, e eles nos trazem publicidade. Promovemos vários filmes do estúdio de cinema e fazemos o lançamento de programas de TV no MySpace.

Então o senhor não acredita que o MySpace pode representar uma ruptura no negócio da News Corp?
Certamente estamos somando. Os hábitos dos telespectadores mudaram muito nos últimos, como você sabe. E os responsáveis são os consumidores. Eles querem ver filmes ouvir música quando quiserem, na forma que quiserem, onde quiserem. As empresas de mídia não têm escolha: elas têm de atender as demandas dos consumidores. Então, por um lado, temos o benefício do excelente conteúdo da News Corp. Por outro, porém, também representamos uma ruptura, tomando o tempo das pessoas e fornecendo ferramentas as tecnológicas que permitiram essa grande mudança de hábitos.

E do lado dos anunciantes? Uma rede como o MySpace pode ser muito mais eficiente e precisa para a exibição de mensagens comerciais do que um anúncio na TV aberta, não? Isso não é uma ruptura?
Esperamos que sim (risos). Temos muitas informações sobre nossos usuários e, com isso, podemos fazer um marketing muito bem direcionado. Sabemos quem gosta de filmes de terror ou quem curte carros antigos. Podemos entregar a publicidade certa, para a pessoa certa, na hora certa. A publicidade está migrando de forma inevitável para a internet, e o MySpace está muito bem posicionado para se beneficiar dessa mudança.

Por que lançar no Brasil?
Somos o maior site dos Estados Unidos. Mas, em cinco anos, a maioria dos nossos usuários, receitas e lucros vão vir de outros países. E certamente o Brasil é um dos maiores mercados do mundo. Tem uma cultura de muito uso da internet, e que tem tudo a ver com o MySpace. Antes mesmo do lançamento oficial e da tradução do site, temos um bom tráfego. Já são mais de 8 000 bandas brasileiras que estão no MySpace.

O senhor fala em ter todos os meus círculos sociais no MySpace. Pensando assim: há espaço para outras redes concorrentes? Pergunto porque no Brasil o Orkut é muito grande. Por esse raciocínio, seria muito difícil conquistar o público brasileiro.
Sabemos que o Orkut é muito grande no Brasil, mas o MySpace é diferente. Nosso negócio é a autoexpressão, a descoberta de novas pessoas, novas culturas, novos conteúdos. Todas as páginas do MySpace são diferentes. Elas representam o que o usuário é na vida real, assim como uma casa ou um quarto. Elas são de fato pessoais e dizem muito a respeito dos seus donos. Sites como o Orkut e Facebook são muito interessantes, mas mais parecidos com ferramentas. Como um e-mail, por exemplo. Nós também fazemos isso, mas vamos além. Dito isso, acredito que haja espaço para mais de uma rede social, e o MySpace certamente é diferente. Por isso somos o número 1 do mundo.

Mas o senhor acredita que as pessoas vão trocar o Orkut por outra rede? Ou vão manter páginas em duas redes?
Alguns vão trocar, outros vão ter perfis em duas redes, talvez. Poucos vão conseguir lidar com mais que isso. O dia tem apenas 24 horas. O MySpace toma muito tempo. Hoje, temos 12% de todo o tempo que os americanos passam online.

O MySpace começou como um site voltado para músicos e depois se transformou na maior rede social do mundo. Como foi essa transição? Foi planejado?
Muitos de nossos amigos eram músicos da região de Los Angeles, e eles foram os primeiros a criar seus perfis no site. Sentíamos falta de um serviço em que artistas pudessem mostrar seu trabalho e que também servisse para as pessoas encontrarem novas músicas. A rádio nos Estados Unidos, e na maioria dos outros países, é programada por grandes empresas, e as mesmas músicas são repetidas à exaustão. Mas desde o começo havia também muitos atores, comediantes, donos de clubes e assim por diante. Temos mais ou menos 250 milhões de perfis no MySpace. De 3 milhões a 4 milhões deles são de bandas ou músicos, e essas páginas respondem por cerca de 1% da nossa audiência.

Muita gente diz que as redes sociais vão ser a próxima grande onda da internet, o ponto de partida para toda a navegação na web. O senhor concorda?
Tenho alguns pontos a destacar. Em primeiro lugar, somos a maior rede do mundo, então nossos usuários estão conectados globalmente. Em segundo lugar, acredito que o acesso às redes será cada vez mais independente da plataforma, ou seja, os aparelhos móveis serão cada vez mais importantes. Também somos uma plataforma de inovações. Assim como há milhões de bandas no mundo que colocam suas músicas no site, há milhões de programadores que podem criar produtos legais integrados ao MySpace. Vemos muito das nossas futuras inovações vindo desses desenvolvedores independentes. Outro ponto importante: acreditamos que o MySpace vai ser seu endereço na internet. Você, no futuro, poderá personalizar sua página de várias maneiras. Haverá o círculo dos seus amigos mais próximos, por exemplo, e outro para os colegas do trabalho e um terceiro para a sua família. Qualquer que seja a pessoa olhando o seu perfil, ele será relevante. Finalmente, acreditamos que o site será a porta de entrada na web. Além de saber o que acontece com seus amigos, você poderá ver o que há de mais legal na internet. Pode ser a previsão do tempo, seu email, o seu canal favorito de notícias. Finalmente, haverá muito conteúdo que você poderá consumir. Além da música, estamos licenciando conteúdo de vídeo dos principais estúdios do mundo, desde a NBA, passando pela BBC e pelas grandes redes de TV.

O senhor acredita que as redes sociais serão um microcosmo do que há na internet?
Exatamente. E de forma personalizada, levando em conta sempre os seus interesses.

E como os usuários das redes sociais vão se tornar “marqueteiros”, recomendando produtos e serviços para seus amigos?
Isso já está acontecendo. Fazemos isso há três anos. Um anunciante pode criar um perfil para sua marca ou seu produto, que é adicionado como “amigo” por um usuário. O Fusion, da Ford, pode estar na minha lista, e meus amigos vão ver isso e poderão adicioná-lo também caso se identifiquem com o carro. E há outras maneiras, mais orgânicas, de divulgação. A Abercrombie and Fitch (grife americana) tem uma página que não foi criada pela empresa, mas sim por fãs da marca. Assim como as pessoas se identificam com os livros que lêem ou a música que ouvem, elas também mantêm uma relação próxima com suas marcas prediletas.

Mas muito se fala a respeito do cinismo do consumidor dos dias de hoje, ainda mais no que diz respeito à divulgação de empresas.
Em primeiro lugar, acontece naturalmente. Nós vivemos num mundo de marcas. As pessoas têm orgulho das marcas que escolhem. Mercedes diz algo a respeito de uma pessoa. Ford diz algo a respeito da pessoa. O usuário do MySpace interage com as marcas como se ela fosse uma pessoa. Ninguém recebe nada por isso. Já vi exemplos de empresas que tentaram criar um boca-a-boca forçado. Isso claramente não funciona.

O MySpace entrou para o consórcio OpenSocial, junto com o Google e outras redes sociais. Por quê?
Queremos nos aproveitar da comunidade de programadores espalhada pelo mundo. Se você é um desenvolvedor e quer integrar seu software com alguns sites, tem de fazer diversas adaptações. O sistema OpenSocial permite que a criação de um só código, que pode ser distribuído por vários sites.

Alguma aplicação já foi lançada?
Ainda não. Temos algumas em testes com alguns usuários. É um serviço muito legal de resenhas de filmes. Ele deve ser liberado para todos os usuários em um mês, um mês e meio.

E o modelo de negócios? Os criadores de software poderão ficar com as receitas de publicidade que venderem em seus programas ou haverá algum tipo de compartilhamento?
Os desenvolvedores vão ficar com toda a receita que conseguirem gerar. Esses programas são como mini-sites da web, mas dentro do MySpace. Se os programadores quiserem vender a publicidade, tudo bem. Se quiserem nossa ajuda para vender, também poderemos fazê-lo, talvez com mais eficiência, pois temos muitas informações sobre a base de usuários. Não vamos oferecer somente a plataforma de distribuição do software, podemos também entregar esse serviço de venda de espaços publicitários.

Publicado em 29/11/2007 - 13:02
Acesse o artigo original: Revista EXAME

O retrato da nova bolha da internet

Muitos usuários, pouca receita e investimentos de risco à vontade. Será que a história está se repetindo?

Paul Sakuma/AP

Zuckerberg, do Facebook:
de zero a 15 bilhões

Por Sérgio Teixeira Jr.

Empresa de internet com nome bizarro mas crescimento explosivo no número de usuários apresenta sua idéia para um fundo, consegue alguns milhões de dólares de capital de risco -- e sai à procura de um modelo de negócios. Esta foi a receita da bolha da internet no final da década passada, e ao que tudo indica está acontecendo de novo.

Tome como exemplo a SayNow, uma companhia americana que criou um sistema para aproximar o público das celebridades. Em troca de uma pequena taxa, o fã pode ouvir um recado pré-gravado ou mandar um recado pelo celular para sua banda favorita. Não há garantia nenhuma de que os artistas vão ler a mensagem, muito menos respondê-la. Mesmo assim, a SayNow obteve 7,5 milhões de dólares de investimento de risco do fundo Shasta Partners.
Como ela, dezenas de outras companhias iniciantes que pipocam no Vale do Silício estão recebendo dinheiro sem oferecer muito mais do que uma promessa. O nível de atividade dos fundos de capital de risco é o mais alto em seis anos. O índice da bolsa Nasdaq, na qual estão listadas as principais empresas de tecnologia, cresceu cerca de 20% neste ano. Embora ainda esteja distante dos fatídicos níveis do ano 2000, é a melhor performance da década. Mas nenhum desses sinais é tão poderoso quanto a foto do sorridente Mark Zuckerberg, o fundador da rede social Facebook.

Zuckerberg lançou o site em 2004, aos 19 anos, num dormitório de Harvard. No ano passado, recusou uma oferta de vender a empresa por 1 bilhão de dólares para o Yahoo! e deixou muita gente perplexa. Na metade deste ano, as conversas já falavam num valor de 10 bilhões de dólares. Quando a Microsoft anunciou a com pra de uma participação de somente 1,6% no Facebook, por 240 milhões de dólares, foi definida a valorização da empresa: 15 bilhões de dólares. Essa cifra astronômica se explica em parte pela disposição da Microsoft de pagar o quanto fosse necessário para manter o Facebook fora das mãos do Google. Mas ficou no ar a sensação de que a exuberância está de volta -- e a irracionalidade vem logo atrás. O Facebook é essencialmente um Orkut, mas muito mais sofisticado tecnologicamente. Sua receita vem da venda de publicidade em suas páginas. O problema é que o faturamento da empresa não deve passar de 150 milhões de dólares neste ano, apenas um centésimo de seu valor. "Há muita coisa acontecendo, e isso não é racional", diz Tim O'Reilly, dono da editora que leva seu nome e autor do termo web 2.0. "Muita gente vai perder o emprego." O blog TechCrunch, que acompanha a movimentação de empresas novatas no Vale do Silício, contou 23 falências desde janeiro.

É verdade que a movimentação recente tem algumas diferenças importantes em relação ao que se viu nos anos 90. A primeira delas é no acesso ao mercado de capitais. A maior parte dos investimentos se concentra em empresas que só existem na internet e buscam criar ferramentas de interação, o que se costuma chamar de web 2.0.

Não se tem notícias da volta de empresas baseadas em idéias extravagantes, mas inexeqüíveis, como o site Priceline, que prometia vender de tudo em leilões online. A maioria das novas empresas se dedica a criar relacionamentos e comunidades, um tipo de serviço que exige investimentos muito menores do que criar uma loja virtual para bichos domésticos (como a Pets.com, uma das mais célebres idéias furadas da época da bolha). A urgência em abrir o capital para financiar o crescimento rápido deixou de existir, e com ela o risco de um estrago que tenha efeitos duradouros na economia "real".

Mas algumas das características da bolha permanecem inalteradas. Uma delas é usar a audiência como moeda. Uma das empresas mais bem-sucedidas da onda recente é o Twitter, espécie de miniblog em que os usuários enviam mensagens de até 140 caracteres pelo computador ou pelo celular. Embora pouca gente saiba dizer qual é a finalidade do serviço, ele é extremamente popular. Um levantamento recente da empresa de pesquisas Forrester Research indicou que 6% da população adulta dos Estados Unidos troca mensagens por ali. Não há publicidade nenhuma no Twitter, e o serviço é gratuito. Mas o Twitter tem valor, diz Peter Kim, da Forrester: "Se você quer atingir uma audiência rica, bem-educada e antenada, não há outro canal de comunicação melhor". O que ainda não se sabe é se haverá alguma empresa disposta a pagar por isso.


A volta da exuberância irracional?
Por que aumentam os temores de uma nova bolha de internet dos anos 90
O Facebook foi avaliado em 15 bilhões de dólares, apesar de faturar apenas 150 milhões neste ano
As ações do Google passaram de 600 dólares, e a empresa já tem mais valor de mercado que a IBM
Os investimentos voltaram a ser feitos com base em números de usuários e audiência, não em receitas
Aatividade dos investidores de risco está no nível mais alto desde o início da década


Os otimistas, é claro, dizem que falar em bolha é um exagero. A população conectada à internet já chega a 1,3 bilhão de pessoas, e os lucros crescentes do Google são uma prova irrefutável de que é possível ganhar dinheiro com publicidade online.

Marc Andreesen, fundador da Netscape, empresa cujo IPO é considerado o início da corrida especulativa da década passada, afirma que sem esses altos e baixos não há desenvolvimento. "A psique humana parece ter necessidade de prever tragédias", escreveu ele recentemente em seu blog. "Se você der ouvidos a quem fala em bolhas ou quebras, tem de estar preparado para ficar completamente fora do mercado de ações e do mercado de tecnologia -- quase todos os anos da sua vida." O veterano Andreesen não é um observador imparcial, muito pelo contrário. Ele foi um dos fundadores da Ning, empresa de tecnologia que desde sua fundação, dois anos atrás, já recebeu 44 milhões de dólares em capital de risco. A Ning fornece os instrumentos para que qualquer internauta crie a própria rede de relacionamentos. Em outras palavras, ele quer multiplicar os imitadores do Facebook, Orkut e MySpace. Pelo jeito, quanto mais cheia de ar estiver a atual bolha, mais Andreesen vai faturar.


Fonte: Revista Exame (01/11/2007)


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Steve Forbes reconhece o mercado de domínios

Steve Forbes, CEO da Forbes e ex-candidato a presidência dos Estados Unidos será um dos palestrantes no evento TRAFFIC em outubro.
Veja a opinião de Forbes sobre o mercado de registro de dominios:

Tráfego de Internet e domínios são os principais patrimônios no século 21. Este mercado amadureceu e usuários, marcas, investidores e organizações que não perceberem sua importância ou valor estarão perdendo várias oportunidades importantes.




Steves Forbes

Magnata americano, diretor executivo (CEO) da mais conceituada revista na área financeira do mundo (Forbes Magazine) e do portal da internet Forbes.com, gurú de um dos homens mais poderosos do mundo, o bilionário indiano Ram Charanex. Foi candidato à presidência dos EUA nas primárias de 2000.

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