segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Os impactos causados pela TV Digital

By amsato | November 21, 2007

Transmissão baseada em dados binários tem som e imagem de alta definição.
Interatividade, mobilidade, portabilidade e multiprogramação são outros atrativos.

As principais mudanças da TV Digital se baseiam em seis elementos: sinal digital, alta definição, interatividade, mobilidade/portabilidade e multiprogramação. Nem todos esses benefícios estarão à disposição do consumidor brasileiro na estréia das transmissões, em 2 de dezembro, mas devem iniciar pouco tempo depois.

SINAL DIGITAL

Foto: Editoria de Arte / G1

Saiba mais

A alta definição significa imagens mais nítidas, sem ruídos ou interferências. Os televisores, hoje, sejam de tubo (CRT), plasma ou LCD, recebem transmissão analógica. Como som e imagem são transmitidos de maneira contínua, e o sinal de transmissão está sujeito a interferências geográficas, a imagem pode sofrer com ruídos e perda de qualidade.

Já na transmissão digital, não há perda de sinal até a recepção doméstica. O conteúdo é transmitido em pacotes binários (de “0” e “1”, como na informática) e, por isso, chega à televisão das residências exatamente como foi transmitido pela emissora.

Em 2 de dezembro, toda a grande São Paulo deve estar coberta pela transmissão digital, de acordo com o gerente de manutenção e tecnologia da TV Globo de São Paulo, Carlos Fini. Não é possível definir uma regra infalível, mas, em teoria, quem hoje recebe o sinal da TV analógica não vai ter problemas com o sinal digital em seu televisor. Além disso, os usuários dessas regiões cobertas terão acesso aos serviços móveis e de interatividade.

ALTA DEFINIÇÃO

Foto: Editoria de Arte / G1

Além da estabilidade de recepção, a TV digital permite imagens em alta definição, com maior nitidez de cores e detalhes visuais antes imperceptíveis na TV analógica. “As câmeras que vão captar o cenário de uma novela têm resolução seis vezes maior que as usadas anteriormente”, exemplifica Raymundo Barros, diretor de engenharia da TV Globo em São Paulo.

Para aproveitar essas novidades, o consumidor deverá ter um televisor preparado para TV digital, com tela de 480, 720 ou 1080 linhas horizontais. São televisores de plasma ou LCD, geralmente com o rótulo “HDTV” ou “Full HD”. Hoje, no mercado, os aparelhos vão de 26 até mais de 100 polegadas. Quem tiver um televisor analógico receberá os sinais normalmente (desde que tenha o conversor), mas a qualidade vai ser inferior a de TVs de plasma e LCD.

Outro aliado da alta definição é o formato 16:9, padrão no cinema. A medida, baseada na relação entre largura e altura das telas, oferece um campo de visão maior que o padrão 4:3, comum nos televisores analógicos. Em dezembro, a programação da TV Digital não será 100% digital, o que resulta em formatos de imagem diferentes na tela.

Para que as imagens não sejam distorcidas, a solução é o uso de faixas pretas nos cantos da tela, pois programas filmados em alta definição (formato 16:9) terão como alvo os aparelhos de TV com “tela de cinema” (também 16:9). Quando um programa antigo (4:3) for exibido em uma TV moderna (16:9), as faixas pretas ficarão nas laterais. Quando um programa em alta definição (16:9) for exibido em uma TV antiga (4:3), as faixas aparecerão em cima e embaixo da tela.

Foto: Editoria de Arte / G1

Imagens mais fiéis, em alta qualidade, significam um nível de detalhes mais preciso. Cenários, figurinos e maquiagens, por exemplo, precisam ser revistos para que os defeitos, antes imperceptíveis ao público, não prejudiquem a qualidade dos programas.

Leia aqui como produtores da Rede Globo se prepararam para a mudança.

Além do som surround, já disponível em determinados canais e programas, a TV Digital vai popularizar o som 5.1, comum nos DVDs. Essa entrada de som está disponível em televisores mais modernos, mas também será oferecida por determinados set-top boxes.

Com seis caixas de som, o padrão 5.1 envolve o telespectador na transmissão, e deve ser uma escolha prioritária das emissoras em programas de entretenimento, como filmes. Em esportes, porém, a escolha exige maior preparação técnica. Como são vários canais, o áudio pode sofrer variação dependendo do maior barulho feito por uma torcida ou outra, posicionadas em lugares diferentes de um estádio.

Foto: Editoria de Arte / G1

INTERATIVIDADE

Foto: Editoria de Arte / G1

A interatividade vai permitir ao telespectador participar da programação, em diferentes níveis de “imersão”. Num primeiro momento, ele poderá acionar menus informativos durante uma notícia e acessar a grade de programação. Em alguns casos, poderá escolher entre câmeras em uma partida de futebol.

José Marcelo Amaral, vice-coordenador do módulo de mercado do Fórum Brasileiro de TV Digital e diretor de tecnologia da Record, dá exemplos na tela do computador com um protótipo do Ginga. “Um noticiário pode trazer gráficos de cotação do dólar. Um jogo de futebol pode mostrar a escalação dos times e indicar quais jogadores já receberam cartão, por exemplo”.

A implementação desses recursos, no entanto, depende das emissoras e da disponibilidade de receptores com o Ginga — o telespectador pode aguardar novidades.

A interatividade plena prevê mais atrativos. Teoricamente, vai ser possível participar de enquetes, comprar produtos e ter voz ativa na programação. Especialistas consideram que a interação deve deslanchar quando o interesse do público for compreendido pelas emissoras e os testes práticos começarem.

Parte dos processos interativos mais avançados vai depender do middleware, software responsável por estabelecer a comunicação entre a emissora e o telespectador. O padrão brasileiro de TV Digital conta com um sistema desenvolvido no país, o Ginga, que pode não estar disponível na maioria dos set-top box em dezembro. Novos conversores com esse middleware brasileiro deverão chegar ao mercado em 2008, trazendo novas possibilidades de interação. Se o usuário quiser ficar atualizado com a tecnologia, deverá trocar seu conversor, já que não é possível “instalar” o Ginga no aparelho. Conversores sem o middleware, entretanto, vão continuar funcionando normalmente.

MOBILIDADE

Foto: Divulgação

Divulgação

O Mob TV conecta-se via USB para transmitir os sinais digitais a computadores (Foto: Divulgação)

Os sinais digitais poderão ser recebidos por notebooks e também por televisores especiais localizados em ônibus e automóveis.

A recepção móvel em notebooks será possível com aparelhos como o MobTV, receptor que será lançado pela Tec Toy por R$ 369. Ligado na entrada USB do computador, o aparelho recebe os sinais em resolução de 320 x 240 e permite que os programas sejam gravados diretamente no disco rígido. A Tec Toy afirma que será possível pausar a programação transmitida ao vivo, recurso conhecido como “timeshift”.

A tecnologia prevê o uso de TVs específicas em carros e ônibus, além da TV portátil, ainda não disponível no país. Em todos esses casos, a transmissão continua sendo gratuita.

PORTABILIDADE

Foto: Renato Bueno / G1

Renato Bueno / G1

Celulares prontos para a TV digital devem chegar ao Brasil em 2008 (Foto: Renato Bueno / G1)

Ainda não existem aparelhos prontos para receber o sinal digital, e os fabricantes não divulgaram planos de lançamento. Esses aparelhos devem chegar ao mercado no primeiro semestre de 2008.

Para receber sinais de TV Digital, um celular precisa vir preparado de fábrica, com set-top box integrado, além de uma pequena antena. O modelo de participação das operadoras está em discussão.

MULTIPROGRAMAÇÃO

Cada canal pode transmitir mais de um programa diferente ao mesmo tempo. Isso dá às emissoras flexibilidade para explorar desde a alta definição até vários programas dentro de um mesmo canal.

Uma emissora pode optar por transmitir apenas um programa durante a maior parte do tempo e, em ocasiões especiais, ativar a multiprogramação, transmitindo vários ângulos do mesmo jogo de futebol ou apresentando programas diferentes. É uma escolha que fica a cargo das emissoras, mas não deve estar presente nas primeiras transmissões, em dezembro.

Fonte: G1 globo